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Campanha orienta jovens contra a gravidez na adolescência

Jovens interessados em obter informações corretas sobre educação sexual contam agora com o suporte da campanha #ProntosParaEssaConversa, lançada pelo Laboratório de Comunicação Publicitária Aplicada à Saúde e à Sociedade (Compasso), projeto de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A campanha pode ser acessada no site e está circulando pela internet, nas mídias sociais, informou no último Dia 08 de julho (Quinta-feira), à Agência Brasil o professor Sandro Torres, da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, responsável pelo projeto.

O objetivo é informar e conscientizar os jovens sobre temas relacionados à gravidez na adolescência, por meio de um diálogo simples e confiável. A campanha é realizada sem custo pelos alunos da UFRJ, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a prefeitura de Niterói.

Segundo Torres, foi feito um trabalho preliminar de pesquisa e entrevistas com especialistas de diversas áreas, incluindo análise de artigos e conteúdos científicos, para montagem de um banco de informações, que foram traduzidas para uma linguagem acessível a jovens de 15 a 19 anos de idade, que é o público-alvo da campanha. A equipe do projeto percebeu que a falta de informação, bem como a propagação de conteúdos desinformativos, isto é, que induzem ao erro ou confundem o receptor, contribuem para os altos índices de gravidez na adolescência.A campanha é baseada em personagens que habitam as mídias digitais e que assumem papeis que traduzem o conhecimento para uma linguagem palatável ao público“, disse Torres. A meta é evitar a gravidez precoce e indesejada que, na linguagem da juventude, significa “deu ruim”. “Durante todo o processo de criação da campanha, passamos por várias etapas. Uma delas foi uma pesquisa com jovens de 15 a 19 anos na qual 98% dos entrevistados indicaram que sentem falta das orientações de educação sexual, tanto na escola quanto em casa, na família. Alegam também que a principal fonte de informação deles está entre amigos e na internet, o que é um absurdo”, disse o responsável pelo projeto.

Impacto

Torres ressaltou que os números também são assustadores. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a cada mil adolescentes na faixa etária entre 15 e 19 anos no mundo, 44 são mães, enquanto no Brasil, a cada mil jovens 59 engravidam na adolescência, resultado muito acima da média global. “Isso tem um impacto sério no desenvolvimento da vida social da população, porque esse jovem que teve a gravidez precoce, que foi mãe ou pai precoce, vai ter dificuldade para completar seus estudos e, consequentemente, para ter sucesso na carreira. É um problema que acaba assombrando o sujeito e mexe com a vida dele.”

Sandro Torres destacou que a política de combate e prevenção à gravidez na adolescência “é uma política, inclusive, de combate à pobreza”. Citou dados das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia, segundo os quais de quatro mães adolescentes, três são pretas, pobres e periféricas. “Atravessado nessa questão tem um problema de ordem socioeconômica”, apontou o professor. O projeto é finalista em uma premiação de produção acadêmica laboratorial, durante congresso que vai ocorrer em agosto próximo.

Vivências

Carolina Freitas engravidou da primeira filha, Sofia, aos 16 anos de idade, no segundo ano do ensino médio e agora, aos 18 anos, está na segunda gravidez. Sarah, sua segunda filha, vai nascer neste mês. Ela morava com a avó na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, e se mudou para Saquarema, na Região dos Lagos, onde conheceu seu namorado e hoje marido o Lucas, pai de suas duas crianças. Carolina é dona de casa. Ela lembrou que conseguiu concluir o segundo ano do ensino médio, mesmo grávida, porque entrou no nono mês de gravidez em novembro. Para fazer o terceiro ano, ela passou a estudar à noite e deixava Sofia, recém-nascida, com a mãe. Assim, ela conseguiu obter o certificado de conclusão do ensino médio. “Mas não consegui fazer a faculdade ainda, por conta da pandemia e porque eu fiquei grávida de novo”.

Larissa da Veiga engravidou aos 18 anos de idade da filha Helena, que está hoje com 2 meses. Teve também que adiar o sonho de cursar a faculdade de engenharia, mas pretende começar ainda este ano. Ela defendeu que o assunto de sexo não seja tabu entre as famílias, como ocorria no passado. “Minha mãe teve uma reticência muito grande de falar comigo sobre isso. Eu fui saber mais para a frente, só”. Ela enfatizou a necessidade de os jovens serem mais bem orientados e informados sobre a necessidade de usarem preservativos, como a camisinha, e de tomar anticoncepcionais, para se cuidarem e se tratarem. Disse que “as coisas começam a mudar agora, porque nós, jovens, estamos levantando essas pautas e também os adultos mais velhos estão analisando que é necessário agir assim, para as pessoas não passarem por experiências ruins”. Larissa mora no bairro do Lins, zona norte do Rio, com o marido Nathan. Ela trabalha como auxiliar administrativa em uma confeitaria.

Apoio: O professor Sandro Torres observou que, além da parceria com o Laces, da Fiocruz, a campanha tem apoio de laboratórios de outras instituições, como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal Fluminense (UFF).

Postado por Alexandre Lopes – Radialista Profissional DRT 5722/CE. Pesquisa de Dados da Matéria: agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-07/campanha-orienta-jovens-contra-gravidez-na-adolescencia